Capricho no mercado imobiliário

Faz algumas semanas que a palavra capricho tem surgido em minha mente e trouxe ela para o nosso bate sobre o mercado imobiliário.

Por várias vezes quando observava alguma pessoa fazer uma atividade, por exemplo, em nossas reuniões diárias quando algum colega se dirigia a outro, ou mesmo oferecia um cafezinho a um cliente, e até mesmo a forma de abrir a porta para recepcionar as pessoas.

Eu ficava refletindo se tudo que foi feito havia sido feito de maneira consciente ou, simplesmente foi mais uma coisa de um montão de coisas que nós realizamos rotineiramente sem estarmos envolvidos, ou melhor, sem estarmos conectados como deveria.

Neste último fim de semana, eu estava almoçando com minha família em um restaurante, e havia
um rapaz realizando a limpeza dos enormes vidros da fachada do restaurante.

A forma como ele realizava sua função era tão envolvente, que parecia estar tão conectado com aquele ofício, que muitas vezes por vários minutos, eu e minha esposa fomos seduzidos pela sua forma caprichosa de trabalhar.

Mesmo atravessando um cenário ainda de pandemia, alguns mercados, como o nosso imobiliário
vive um bom momento, sobretudo na venda de lançamentos e imóveis avulsos, ou mercado
secundário como é chamado em algumas praças.

Momentos assim aumentam o desafio para os corretores de imóveis se entregarem plenamente em cada atendimento e proporcionar experiências únicas.

Na era moderna, o termo LEAD (até poucos anos um termo desconhecido do mercado imobiliário,
que sintética e simploriamente aqui chamarei de “contato de um interessado em um produto ou
serviço”), não fazia parte do vocabulário do mercado imobiliário e hoje tem despertado cada vez
mais relevância nas estratégias de marketing.

Tenho assistido a uma aplicação ou leitura equivocada por parte de alguns profissionais de diversos setores da economia quando se trata de LEAD, por isso resolvi contribuir com as reflexões a seguir que podem ser também aplicadas a todos os segmentos inclusive no mercado imobiliário.

Muitas empresas dos diversos ramos da nossa economia, estão com uma leitura distorcida do que
seria um atendimento de excelência, e isso pode também estar ocorrendo com empresas e
operadores do mercado imobiliário.

Considere aqui como operador do mercado imobiliário, todas os cargos do organograma de uma empresa imobiliária, iniciando-se da diretoria, passando-se pelos gestores, corretores, atendentes e auxiliares diversos.

O fato é que a distorção ocorre quando deixamos de dar atenção ao LEAD que está na fase inicial de atendimento, focando sempre no próximo LEAD, e no próximo… gerando uma ciranda sem fim, com inúmeras possibilidades deixadas ao longo do caminho.

Reforço que esta é uma leitura que fiz não só do mercado imobiliário, porém como especialista neste mercado, meu foco aqui é contribuir com o que acredito poder ser um caminho para eliminar ou minimizar ao máximo esta deficiência.

A ânsia da captura por LEADs é tamanha em muitos casos que sequer alguns operadores do mercado
imobiliário, se recordam que um LEAD é muito mais que um nome, e-mail ou CPF.

Talvez não por acaso nessas minhas observações cotidianas que a palavra que tem surgido constantemente em meus pensamentos tenha sido a palavra capricho.

Tenho percebido a falta de capricho em muitos aspectos deste mundo moderno, sobretudo no trato com as pessoas, que é o núcleo essencialmente de um LEAD.

O excesso de automatização que passa muitas vezes pela digitalização de processos, ao invés de
proporcionar tempo de qualidade para investirmos em ótimas conversas, ótimas entrevistas com
nossos clientes, acabam cedendo espaço a mais e mais anseios com a quantidade em detrimento
da qualidade.

Mesmo em meio a todo esse cenário, o profissional do mercado imobiliário tem grandes chances
de se tornar cada vez mais indispensável na vida de uma família ou negócio, bastará para isso,
desenvolver continuamente atenção às relações interpessoais que permeiam nosso mercado.

Muitas vezes somos comparados à psicólogos de nossos clientes (na minha ótica uma honrosa
comparação, e claro como profissionais do mercado imobiliário, muitos chegam a revelar
espontaneamente confidências). Somos privilegiados.

Que nobre missão é a nossa frente à responsabilidade que nos é confiada para orientar negócios e planos familiares no que diz respeito às questões imobiliárias.

Aproveito a oportunidade para, desde já, parabenizar a todos os profissionais do mercado imobiliário em especial aos corretores e corretoras de imóveis, que no próximo dia 27 de agosto tem um dia dedicado a homenagear esta profissão.

De volta ao que nos faz refletir, seguramente são muitos os atributos dos profissionais e empresas
de sucesso que nos inspiram no mercado imobiliário.

Estou convicto de que um dos principais atributos que tem se perpetuado ao logo da história daqueles profissionais e empresas que mais se destacam, é o olhar para o fator humano presente nas relações de negócios.

Por isso resgatei aqui o olhar para a palavra capricho, que muitas vezes é percebida com mais
evidência em outros ramos de negócios, distintos do imobiliário.

Capricho que é também sinônimo de esmero, tem a capacidade de fazer sair do automatismo de
nossas ações, colocando-nos por inteiro naquilo que estamos fazendo.

Capricho tem ainda a característica de deixar a lembrança de que algo bom ocorreu.

O capricho fica na memória.

Provavelmente muitos que lerem este artigo se recordarão de bons momentos ou ótimas experiências de vida que se conectam com gestos de capricho.

Lembre-me de um verso de uma canção antiga, e que cabe bem neste momento.

“Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas”.

Talvez o leitor ou leitora conheça a música e queira assim como eu, que ao escrever este artigo, reviver boas recordações e cantar a música por inteiro, (digite o verso acima no google e terá acesso à várias versões da música Mãos Que Oferecem Rosas).

Ah! Quanto ao rapaz que realizava a limpeza dos vidros da fachada do restaurante, não me satisfiz
em apenas contemplar a sua entrega pela forma e dedicação que realizava seu ofício.

Ao sair do restaurante, fiz questão de parabenizá-lo. Ele me disse que há 24 anos exercia aquele ofício e se sentiu muito agradecido pelo reconhecimento que fiz.

Quando eu já estava dentro do carro e dando a partida, o rapaz, que se chama Álvaro Júnior, fez questão de me entregar seu cartão de visita e mais uma vez me agradeceu.

Naquele instante percebi mais uma vez que o capricho é elemento essencial em todo negócio, e
claro no nosso mercado imobiliário.

E nós, profissionais do mercado imobiliário, estamos sendo caprichosos em nosso dia a dia?

Será que nossas experiências com nossos colegas, familiares e clientes têm proporcionado boas experiências para ficar na memória?

Leirson Cunha é Corretor de Imóveis CRECI/MG: 18.127, Vice-Presidente CMI-SECOVI/MG e Dir. Executivo Marketing Netimóveis|BH.

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