Imóveis estão cada vez menores
No Rio, redução no tamanho das unidades chega a 29% em dez anos
O mercado imobiliário continua em alta, já o tamanho dos imóveis novos… está cada vez menor. Levantamento inédito da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário do Rio (Ademi-RJ) mostra que, nos últimos dez anos, a redução da metragem chega a 29% nos apartamentos de um e de quatro quartos. Nos outros tipos, as reduções são menores, vão de 17,9%, no caso de dois dormitórios, a 8,5%, para os de três quartos. Em todos, a consequência é a criação de plantas mais enxutas recheadas de truques para dar a sensação de maior amplitude. Como instalação de portas mais largas, retirada dos corredores e integração de sala e cozinha.
No caso dos imóveis de quatro quartos, voltados para uma classe mais abastada, por exemplo, o que se vê é a compactação dos quartos e a integração de ambientes. Com isso, em média, os imóveis que em 2002 chegavam a quase 200 metros quadrados têm hoje cerca de 123,30 metros quadrados. Espaço que até pouco tempo era destinado a imóveis de três dormitórios. Na outra ponta, os imóveis de apenas um quarto também sofreram reduções expressivas: de 55,77 metros quadrados há dez anos para 39,38.
Tudo em nome da viabilidade econômica dos empreendimentos, como argumentam os atores do mercado.
– Com a valorização do metro quadrado, se as construtoras não diminuíssem o tamanho dos imóveis, eles não caberiam no bolso dos compradores – sustenta Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel.
Novas Plantas, novos hábitos
Internamente, essas novas plantas acabam por facilitar mudanças nos hábitos de seus moradores. Nos imóveis de dois, três e quatro quartos, a cozinha – que na casa brasileira sempre foi central – passa agora a integrar a área social acoplada à sala de estar, o que é justificado pela vontade de receber amigos em casa. Já os corredores, que em imóveis antigos eram enormes e marcavam claramente a divisão entre áreas social e íntima, desaparecem, e sua função acaba sendo, muitas vezes, assumida pelas varandas.
– É comum ver plantas em que a varanda vai da área ao quarto. É ela que faz essa ligação, já que os quartos se abrem quase dentro da sala – diz a professora da UFRJ, Helena Lacé.
Já os imóveis menores têm seu aliado no avanço da tecnologia: surgem móveis multifuncionais e aparelhagens menores (como as TVs sem tubo), que passam o ocupar menos espaço.
Serviços de residencial e áreas comuns ampliadas são usados para compensar redução
A valorização do metro quadrado não é a única justificativa para a redução das áreas internas dos apartamentos. A escassez de terrenos em áreas nobres e a mudança na dinâmica das famílias também ajudam a aumentar a oferta de imóveis mais compactos. No Rio, eles não são ainda menores porque a legislação só permite a construção de unidades com menos de 55 metros quadrados em áreas do
Recreio, Zona Norte e na área do Porto. Considerando-se que a média de tamanho dos novos apartamentos de um quarto é de 39,38 metros quadrados, observa-se que as unidades nessa tipologia estão concentrados nessas regiões. O Minha Casa Minha Vida também contribui para a redução do tamanho.
O novo presidente da Ademi/RJ, João Paulo de Matos, tem outra justificativa: há uma fatia do mercado, diz, que procura mesmo imóveis menores.
– As pessoas casam mais tarde, têm menos filhos: a demanda por imóvel menor está crescendo. Há enorme carência de sala-quarto, por exemplo, no Rio. Mas a legislação não viabiliza sua construção.
Já o vice-presidente do Secovi-Rio, Antônio Paulo Monnerat, lembra que a escassez de terrenos, principalmente na Zona Sul, é fundamental para entender a questão na cidade:
– Quando aparece um terreno na Zona Sul, é preciso aproveitar cada milímetro.
Para compensar as unidades menores, as construtoras investem cada vez mais nas áreas comuns dos condomínios, que acabam por se tornar extensões dos apartamentos. Crescem o número de facilidades que vão de brinquedoteca a varandas gourmet, passando por estúdio, adega e spa.
O número de serviços agregados também aumenta. Há condomínios que oferecem serviços como os dos apart-hotéis. E em alguns casos, apenas sob demanda, ou seja, só paga pelo serviço quem usá-lo, evitando aumento excessivo da taxa. É o caso do Bourgogne Résidences, que a MDL Realty constrói em Jacarepaguá. O prédio vai oferecer serviços como lavagem de carros, babá, arrumação e limpeza,
passeador de cachorros e entrega de supermercados. Todos feitos por funcionários terceirizados.
– Essa é uma evolução natural do mercado imobiliário. Os condomínios estão se transformando em centros de serviços – acredita Fábio Lopes, presidente da MDL. – Com a vida mais agitada e a redução de empregados domésticos, que já vem acontecendo, as pessoas precisam de mais infraestrutura nos condomínios.
Fonte: O Globo
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