O Corretor de Imóveis e as Cidades Responsivas
Assistimos nos últimos séculos da era moderna e já neste, inúmeros eventos, sejam eles naturais ou
pandêmicos, que mudaram o cenário das cidades, e isso impacta diretamente no trabalho dos
corretores de imóveis.
Desde a revolução industrial (iniciada em meados do século XVIII) passamos a ter um perfil de
cidades como as que conhecemos até os dias de hoje, organizadas de acordo com o sistema
produtivo, que priorizasse o lucro em detrimento de todo o resto, sem considerar com a devida
importância o elemento mais essencial, a vida.
Além do mais, novas necessidades surgiram no mundo moderno.
As cidades e seus habitantes demandam cada vez mais de elementos categorizados como essenciais.
Sim caro leitor, imagino que veio à mente alguns deles: Wi-Fi, internet ou 5G.
Sim, a conexão de alta velocidade está nos TOP 10 dos elementos essenciais atuais.
E claro é também essencial no desenvolvimento de nossos trabalhos como profissionais do mercado imobiliário.
Vamos então buscar entender o que seriam Cidades Responsivas, um termo novo, porém, um
conceito que remete aos primórdios do viver em comunidade.
Portanto, é muito relevante para o corretor de imóveis compreender este termo.
Apresentarei a seguir alguns cases contextualizando este cenário, que já vem ganhando corpo há alguns anos.
Você já ouviu falar nos BIDs (Business Improvement Districts)? Em português diríamos Distrito de
Desenvolvimento de Negócios.
Tive há alguns anos a oportunidade de conhecer de perto cases de BIDs de sucesso na cidade de
Nova Iorque nos EUA.
Compreendi na prática qual impacto desse mecanismo no desenvolvimento de uma região e consequentemente nos negócios imobiliários.
Na prática, o BID promove o desenvolvimento de uma determinada região por meio de uma espécie
de associação entre os comerciantes de um ou mais quarteirões que se juntam, e criam regras de
convivência e de desenvolvimento para uma determinada área e assim rateiam os investimentos
em prol de todos, promovendo uma organização do espaço físico com ênfase na melhoria dos
negócios e no aumento na experiência positiva de quem frequenta ou vive na região, gerando todo
um ecossistema de prosperidade e consequentemente negócios imobiliários mais fluidos.
Também aqui no Brasil temos inúmeros exemplos de cidades se adaptando ao movimento orgânico, que é inerente a uma cidade.
Deixo o convite para a leitura do livro: A Cidade Start Up – uma nova era de cidades mais inteligentes, do autor brasileiro Renato de Castro.
Dentro de mais uma de minhas experiências, cito a que vivencio há alguns anos na Capital de Minas
Gerais, Belo Horizonte (BH).
Leia também: Cidades inteligentes.
BH implantou um App que dá ao cidadão um imenso poder de manter a cidade melhor.
Neste App é possível solicitar uma série de serviços públicos como: tapa buracos, podas de árvores, recolhimento de veículos abandonado, e muito mais.
Bastando para isso, fazer a solicitação de forma simples. Eu sempre faço uso deste App e posso garantir, funciona muito bem!
Por um outro prisma do desenvolvimento das cidades, temos visto também um “re-povoamento”
dos centros urbanos por meio de políticas públicas, que incentivam determinadas áreas e ou regiões
sobretudo com a implantação de edifícios mistos, que permitem conviver harmoniosamente comércio e serviço com habitações residenciais.
Seguramente no Brasil um dos projetos mais marcantes e icônicos é a Cidade Matarazzo, no coração de São Paulo capital. (No mundo temos inúmeros cases de sucesso para nos inspirarmos, quem sabe possamos listar oportunamente em outro artigo).
Esses movimentos que surgem em uma região ou em uma cidade, são respostas da própria
comunidade instalada, que busca de alguma forma elementos para melhorar a qualidade de vida.
Claro que é fundamental a participação do poder público, e por isso mesmo, os profissionais do
mercado imobiliário devem considerar cada vez mais sua participação na comunidade em que atua.
Todos estes exemplos que apresento aqui, são para ilustrar que a cidade vibra e é movimento, e
neste sentido, um movimento que vem ganhando forma é o conceito de Cidades Responsivas.
Em síntese, as Cidades Responsivas são aquelas que passam pelo desenvolvimento de um ecossistema
que promova uma adaptação cada vez mais veloz aos movimentos de massa em prol do coletivo,
diferentemente da era industrial, a vida, é o elemento essencial para as tomadas de decisões.
Resisti ao máximo em não mencionar o cenário de pandemia, porém não posso deixar de alertar
que esse cenário está produzindo o novo olhar para as cidades, espaços públicos e residenciais, que
estão se adaptando de maneira rápida em várias áreas, em especial em cuidados com a saúde e
qualidade de vida, o que poderá colocar o profissional do mercado imobiliário em posição de
vanguarda se ele estiver em sintonia com os movimentos das cidades.
Fica uma dica: A posição de vanguarda é mais bem assimilada quando o profissional busca viver e
“experienciar” as possibilidades que uma cidade, região ou comunidade tem a oferecer.
Viver a experiência é a melhor maneira de ser empático e compreender com mais assertividade o que o
cliente deseja.
O profissional do mercado imobiliário deve estar atento que nas Cidades Responsivas, os códigos
de conduta, tendem a ser universais e mudam numa velocidade assustadora.
Um exemplo simples:
Antes quem usava máscara era o diferente, hoje quem não usa (sobretudo em locais que ainda é
obrigatório) é desaprovado por quem segue as regras.
Nas Cidades Responsivas é o ponto chave do progresso é o respeito à vida.
Neste mês de junho, no dia 05 de junho celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, portanto
faço minhas homenagens relembrando o último verso da música: O Progresso, do “Rei” Roberto
Carlos.
“Eu não sou contra o progresso, mas apelo pro bom-senso, um erro não conserta o outro isso é o que eu penso.”
Caro leitor, que essa nossa reflexão possa de fato surtir efeito em nossas ações, e, sobretudo se
você for corretor ou corretora de imóveis espero ter contribuído com um novo olhar sobre o nosso
ambiente de vida e trabalho.
Leirson Cunha é Corretor de Imóveis CRECI/MG: 18.127, Vice-Presidente CMI-SECOVI/MG e Dir. Executivo Marketing Netimóveis|B.