O BRASIL E O MUNDO NO PÓS PANDEMIA
Neste 12 de junho, aconteceu em São Paulo o 5º Brazil Investiment Forum 2022 cujo foco foi a economia mundial pós-Covid. Segundo o ministro da economia do Brasil, o mundo passa por forte turbulência, por três razões. Tecnicamente, a primeira tem a ver com o Teorema da equalização dos preços dos fatores (Heckcher-Ohlin-Samuelson), que diz: Se dois países produzem dois bens com idênticas funções de produção, sem que haja custo de transporte ou restrição ao comércio, a remuneração dos fatores será a mesma para ambos os países.
Há cerca de 30 anos, uma silenciosa revolução vem acontecendo na China, Rússia, leste europeu, sudeste asiático e Indonésia. Por conta da globalização, 3,7 bilhões de pessoas estão saindo lentamente da miséria. Ocorre que muitas indústrias do ocidente se mudaram para esses países, porque eles dispõem de mão-de-obra barata e abundante. O fator mão-de-obra (barata) tende a equalizar-se, pressionando para baixo os salários no ocidente. Assim, há 30 anos, os salários ocidentais são comprimidos porque sua demanda foi exportada para a Ásia.
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Entretanto trabalhadores asiáticos, sob forte demanda, são melhor remunerados e estão saindo da miséria. Isso aumenta a pressão política por melhores salários no ocidente. Se há aumento da remuneração na Ásia, o mesmo deve ocorrer em todo o mundo! Mas o aumento da inflação é inevitável. A segunda razão da turbulência é a pandemia, que rompeu várias cadeias de produção, provocando um choque adverso (negativo) de oferta: mais inflação e menos crescimento ao mesmo tempo. São circunstâncias incontroláveis, que abalam todo o planeta.
Enquanto todos tentavam sair dessas armadilhas, veio a terceira e mais contundente razão da turbulência. A Ucrânia, que produz grãos (alimentos), foi atacada pela Rússia, produtora de gás e petróleo (energia). Resultado: preços de comida e energia sobem descontroladamente em todo o mundo. São, portanto, três grandes choques a um só tempo. O mundo começa a repensar suas cadeias produtivas porque, fora do Brasil, tudo vai piorar. Haverá recessão, juros altos, bolsas em queda, inflação alta e muitas crises. Isso tudo, depois de 20 anos de prosperidade.
Todavia há oportunidades à vista. A Secretária do Tesouro Americano elucubra que há dois requisitos para atrair investidores internacionais: logística e relacionamento. O investimento tem de estar logisticamente próximo, sem afetação política que impeça a circulação de produtos e energia, e o país tem de ser amigo! Ponto para o Brasil, que se dá bem com todo o mundo. Nosso país busca a prosperidade em todas as dimensões. Fizemos acordos com Mercosul, União Europeia, OCDE, European Free Trade Area. Enfim, nossa economia se move para todos os lados.
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Privatizações, redução de impostos (IPI, ICMS), marcos regulatórios, transformação dos bancos públicos (BNDES) e investimentos privados de R$ 800 bilhões garantem o crescimento do país nos próximos anos. No exterior, sem dúvida, haverá recessão. As revisões de crescimento são para baixo. No Brasil, ao contrário, tudo indica crescimento. No pós-Covid, em franca recuperação e aberto aos investimentos, com muita cautela, segurança energética e alimentar, o Brasil é onde tudo vai acontecer. Segundo a OMC, somos a reserva alimentar do mundo!
João Teodoro da Silva
Presidente – Sistema Cofeci-Creci – 18/JUN/2022